Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Exercício de escrita

Bate na madeira _ podcast

#3 - Como é que explicamos aos nossos filhos o que está a acontecer?

27.02.22

Tinha vários temas apontados. Todos me pareciam bons para entreter, para ocupar espaço, para ocupar estes vinte e qualquer coisa minutos.

Depois chegou quinta-feira. E o mundo ganhou outros tons.

É sobre isso que me apeteceu falar.

 

Para ouvir aqui e aqui.

 

Instagram aqui.

Goodreads aqui.

Newsletter aqui.

Podcast aqui.

Mãe, o que é que tu fazias se tivesses um diamante?

15.02.22

Eu e o meu filho somos assim: gostamos de sonhar juntos. De inventar coisas, de pensar no que a vida pode ser, de encontrar o ângulo engraçado de todas as coisas. Rimos muito, até demais e temos dificuldade em perceber que às vezes tem de ser a sério. A vida não é feita de piadas, mas é mais fácil se fizermos pouco dela.

Fazemo-lo não porque somos mais fortes, mas para escondermos as nossas fragilidades.

Ontem, enquanto me ajeitava na cama dele para lermos umas páginas em conjunto antes de dormir perguntou-me: mãe, o que é que fazias se tivesses um diamante?

E eu disse-lhe que se tivesse um diamante daqueles que valem mesmo dinheiro a valer, dos que se vendem por muitos zeros, que o vendia logo. Não sou apegada a pedras e não vejo razão para ter uma pedra brilhante que mal sei distinguir de um pechisbeque qualquer.

E fazias o quê com o dinheiro? Quis saber.

Se tivesse um diamante daqueles que valem para cima de um milhão comprava uma vivenda. Comprava uma vivenda com jardim, piscina e escolhia num sítio em que houvesse praia perto, com exposição solar cinco estrelas. Para secar bem a roupa. Porque a pessoa apesar de ficar milionária com a venda de um diamante continua a ter preocupações comezinhas, já que a vida quotidiana não se faz sozinha. Comprava outro carro, elétrico, mas ficava com a nossa carrinha na mesma, porque gosto dela e me deixa triste desfazer-me de quem há mais de cinco anos me leva a todo o lado. O resto do dinheiro poupava. Calculava bem os custos para que durasse bastante e para que nunca me faltasse a rede de segurança. Para que pudesse repensar a minha vida profissional e não voltar a trabalhar oito horas por dia. No máximo quatro.

Ou seja, depois da casa e do carro comprava tempo. Tempo para ir buscar o miúdo à escola e almoçar com ele. Para poder sentar-me a escrever sem ser com um olho fechado porque está na hora de ir para a cama ou depois do pequeno almoço de domingo, mesmo como quem escreve para atrasar a tarefa das limpezas. Tempo para ler, para fazer exercício, para passear os meus cães sem estar sempre a olhar para o relógio. Tempo para ser gente e não escrava dos afazeres. Tempo para não ter de estar sempre a dizer: olha as horas.

E tu, o que é que fazias se, de repente, tivesses um diamante daqueles que valem mesmo dinheiro a sério?

 

 

Instagram aqui.

Goodreads aqui.

Newsletter aqui.

Podcast aqui.

Escrever uma carta por mês

07.02.22

Não me recordo de escrever cartas em miúda. Não conhecia ninguém que estivesse longe o suficiente com saudades que justificassem um postal, uma carta, um telegrama sequer. Os amigos e família próximos, aqueles a quem tinha alguma coisa a dizer, estavam à mão de semear, por isso nunca lhes escrevi uma carta.

Nunca mandei postais. Pensei em fazê-lo das vezes que viajei, mas as viagens são sempre curtas demais e as fotografias tiram palco às pequenas graças antigas.

O mês passado decidi-me a criar uma newsletter. Uma espécie de carta que escrevo para umas dúzias de pessoas que, não me conhecendo de parte alguma, subscreveram para ler o que tenho para lhes contar.

São apontamentos, notas, pensamentos palermas, divagações. E uma história que vou criando, um capitulo por cada carta.

Meti-me nisso. 

Hoje enviei a primeira. Logo pela manhã. Pela fresca, antes de começar a trabalhar. Enviei naquela hora em que as pessoas ainda vão beber um café antes de arregaçar as mangas e enterrar as mãos nas chatices que têm para o dia. Naquela hora em que ainda estão sentadas no comboio, à espera de qualquer coisa que as entretenha até chegar ao destino.

Não escrevo para milhares nem centenas de pessoas. Escrevo para um conjunto que, mal sabendo quem sou, acreditou que gostaria de ler o que preparo para partilhar uma vez por mês. Há qualquer coisa de bonito nisso. Um acreditar em mim e naquilo que sou capaz de escrever que nem eu tenho.

Recebi algumas palavras simpáticas. Pessoas que gostando, para além de terem gasto o seu tempo a ler, ainda se deram ao trabalho de me afagar o ego, com palavras agradáveis, daquelas que me fazem pôr em sentido para não falhar no mês que vem.

Gostei disto, de escrever cartas. Não é o mesmo que mandar um postal escrito sentada numa esplanada em Paris, mas é um pedaço de qualquer coisa, que conto depois de escarafunchar a minha cabeça.

 

Instagram aqui.

Goodreads aqui.

Newsletter aqui.