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Exercício de escrita

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Autoterapia »» Parte 0

31.01.23

"Quero começar a escrever e não sei como. Talvez por isso tenha escolhido chamar a esta primeira carta “Parte 0”. Começa antes do princípio, é uma espécie de aquecimento, um momento em que tento encontrar a voz escrita que quero usar para contar esta minha história. Mas não está fácil. Escrevo e volto atrás. Apago e escrevo de novo e mesmo assim soa mal. Falta qualquer coisa e não sei o que é. Sinto-me, acima de tudo, bastante estúpida. Porventura é o cansaço que me come as palavras, ou talvez seja a minha cabeça que quer guardar só para nós (para mim e para ela, que, às vezes, se comporta como se não fizesse parte de mim) aquilo que gostaríamos que tivesse sido diferente.
É uma história minha, mas não é só minha."

É com este texto que começa a primeira newsletter deste ano.
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30.01.23

Gosto das manhãs que se arrastam. De quando o dia vai começando, os miúdos não chamaram por mim e as tarefas ainda não se esfregaram nos meus olhos para me lembrar que tem de ser.
Gosto de ouvir o tempo a passar. O tempo lá fora e o tempo do relógio, com os ponteiros a dançar e eu a fazer-me de desimportada. Acho que desimportada não existe.

Sabe-me bem aconchegar-me na cama sabendo que a hora de levantar já passou, saboreando o pecado da preguiça, aquele pedaço de tempo em que a culpa está atrasada e ainda não me senti fraca porque devia estar a aproveitar o dia antes de o sol nascer, assistindo ao raiar da estrela mestre com a meditação feita, um treino no bucho, o banho tomado, a pele hidratada e a mesa do pequeno-almoço posta.
Parece-me o pináculo do luxo, poder olhar para a cesta da roupa e pensar, com uma certa arrogância, que já a atendo quando tiver disposição.

Gostos das manhãs que se demoram mesmo sabendo que o preço a pagar é passar o resto do dia meio grogue, lenta de pensamento e de movimento.

Se eu mandasse as manhãs começavam todas devagar, com uma tarefa de cada vez, como se o cérebro estivesse a fazer aquecimento para o treino pesado do resto do dia. Lá para a hora do almoço já se podia fazer qualquer coisa de outra envergadura.
Mas eu não mando nada, por isso levantei-me, arrastei o lombo pela casa e preparei os papo secos para o pequeno-almoço com aquilo que me parece um melão no lugar da cabeça.

Tempo

29.01.23

Sinto falta daquele tempo em que era miúda e o tempo existia de forma tão presente que eu tinha de puxar pela cabeça para saber o que fazer com ele.
Era um tempo em que o tempo estava para lá de um conceito e passava a ser um amigo que quase conseguia tocar. Não me pedia que me despachasse e nunca escasseava, em vez disso sentava-se ao meu lado, paciente e demorado, à espera que descobrissemos como nos havíamos de ocupar um com o outro.
Agora o tempo parece um inimigo, as segundas chegam em catadupa e o fim-de-semana mal se deixa ver.

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29.01.23

Esta semana não sei se a acabo viva, meio morta ou a passar para o outro lado. Juro que sinto que ontem foi segunda-feira.

1. Tem estado um frio do caraças. Mal sinto as mãos, tenho frieiras e só me apetece fechar-me numa gruta com uma fogueira e esperar que isto passe. Preciso de uma daquelas casas nórdicas que irradiam calor pelos calcanhares.

2. Dei banho aos 3 cães, levei os velhos ao veterinário, gastei uma pipa de massa e a Tulipa, assarapantada da boneca, foi fazer xixi em cima da cama lavada.

3. Levei os miúdos à vacina e fui multada, mas depois de ter visto uma bacana a desancar o gajo da EMEL ainda tive pena dele.

4. Pensei todos os dias em parar com estes textos, porque o tempo é pouco e quem é que quer saber disto? Mas depois o Moedas gastou uma pipa de massa num palco e eu ganhei outras forças.

5. Chegou o meu aspirador novo. A semana esteve numa merda tal que fiquei num excitex que vocês nem imaginam. Parecia eu que estava a receber cá em casa um daqueles bombeiros do calendário de Setúbal.

6. Na segunda fomos dar uma volta à Costa e acabámos a comer pão com chouriço.

7. Não acabei livro nenhum. Uma semana de miséria em termos de leitura. Tenho quatro livros em cima da mesa de cabeceira, dois estou a gostar muito, os outros estão lá porque me custa já ter lido uma parte e desistir.

8. Tenho tantas coisas para fazer que tenho a sensação constante de que me estou a esquecer de qualquer coisa.

9. Ontem demos uma volta no centro de Almada. Já não o fazia há anos. Tantas histórias da minha infância e adolescência. Percebo sempre que me torno no meu pai, a contar o que fazia aqui e ali, sempre com a frase na boca: xiiiiii, como isto está mudado.

10. Ontem, depois de passear o cão, enfiei-me em toda a roupa polar que tinha à mão: pijama, robe. Só não mudei para cuecas polares porque nunca encontrei à venda.

11. Hoje, depois de uma noite difícil porque a pequena tem estado com tosse, deixei-me adormecer. Acordei quando ouvi a chave a rodar na porta, com o Nuno a chegar das compras. O Ricardo tinha posto a mesa do pequeno-almoço sozinho e havia croissants para comer.

Escrevo isto enquanto como e e evito chorar porque amanhã é segunda.

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28.01.23

Torrada sem manteiga não é torrada.

E torrada boa leva manteiga dos dois lados.

Em 2018, depois de tentar planear a minha própria alimentação, a sofrer com dores de estômago durante meses e cansada de não conseguir solucionar o meu mal-estar sozinha, fui a uma consulta gastro e a uma nutricionista (sim, eu sei que devia ter sido o meu primeiro passo, mas às vezes a cabeça não pensa com os berlindes todos, vou falar sobre isso nas minhas 12 newsletters deste ano, vai ser o meu tema para 2023).
O médico prescreveu-me alguns medicamentos básicos, daqueles que nem precisam de prescrição e a nutricionista esbugalhou os olhos quando lhe disse que comia mais de sete peças de fruta por dia.

Cumpri o que ambos me recomendaram e, não só perdi o peso que queria, como fiquei (mais importante que tudo), sem dores de estômago.

As consultas já iam avançadas quando pedi à nutricionista que me desse mais opções de pequeno-almoço, estava farta do pão escuro com fiambre. Não pode ser uma torradinha? Perguntei-lhe eu. E ela que sim, sim, claro. Podia torrar o pão. E, depois de uma pausa, acrescentou: só não põe manteiga. Eu, que acho uma heresia considerar uma torrada pão tostado sem pingar aquele creme dos deuses, tive de me conter para não me mandar aos arames. Disse-lhe, contendo as palavras ali na zona da faringe: desculpe, mas a bem que a pessoa come uma torrada ou então come outra coisa qualquer. Torrada sem manteiga não é torrada, é uma ofensa ao palato, é pão em palha, é tristeza.

Alguma vez viram uma pessoa a comer uma torrada sem gordura? Está a definhar, aquela pessoa tem os olhos mate, não há ponta de brilho ali. Conseguiram perscrutar a tristeza dessa pessoa? Está abaixo do fundo do poço. Escreve #foco só para sentir que ainda vale a pena. O que é que aquela alma tem para lamber dos dedos quando o pão acaba?

Nada.

Torrada é bom, porque manteiga é vida.

E é isto que tenho para vos dizer este sábado. Matéria sem interesse, que vocês estão a ler quando deviam estar a dobrar peúgas ou a lavar o chão. Essa é que é essa.

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27.01.23

Levei os meus filhos à vacina, não chorei, sinto-me uma mulherzinha crescida.

Sou daquelas mães que, não sendo histérica, chora baba e ranho quando vê os filhos bebés a ser vacinados. Quando ficam maiores passa-me. Mas bebés. Que aperto. Transtorna-me ver umas perninhas pequenas e rechonchudas, de alguém que ainda nem sabe o que raio anda cá a fazer, a levar picadelas, umas atrás das outras, sem conseguir compreender porque é que quem mais a deve amar a segura para que lhe causem dor.

Normalmente é o pai que os agarra, eu fico a um canto ou do lado de fora da sala e entro quando o mal já está feito, para pegar nos bebés e embalá-los, dizendo-lhes em surdina que a mãe nunca mais vai deixar que lhes façam tal patranha. Minto descaradamente, digo que a mãe se vai a eles (seja lá quem for), que arreio com as travessas de metal que as enfermeiras para lá têm nas ventas dos maus, que arranco para o Pólo Norte e dou um biqueiro num pinguim, o que for precioso. Faço shshshshsh ao ouvido e figura de palerma. Fui eu que os levei porque sei que as vacinas os protegem. Mas naquele momento, naquele exato instante, enquanto mostro os dentes num sorriso compreensivo e tento de forma inglória conter as lágrimas, só me apetece pegar neles e fugir, qual primata em apuros.

Ontem, levei os dois para ser vacinados. O mais velho levou uma. A bebé levou quatro. Ele tem costas largas, é robusto, com spray milagroso ele nem deu conta do que lhe aconteceu. Agora ela. Minha rica menina.

Eu ia pronta para o descalabro, mas desta vez, não sei bem como nem onde fui buscar o estômago, fiz-me rija. Aguentei-me estoicamente e, no único momento em que uma lágrima estava quase a sair do olho esquerdo, fiz tanta força que sou capaz de garantir que a lágrima voltou para dentro e o olho começou aos saltos. No fim, com a bebé mais calma e todos os trâmites despachados, senti-me corajosa, a mãe leoa que foge de pequenos répteis e insetos. Julguei que o Universo me compensaria por isso, mas afinal fui multada pela EMEL.

 
Nota: neste texto usam-se coisas que são figuras de estilo, pelo que importa esclarecer que, nenhum animal foi aleijado, até porque não há pinguins no Polo Norte.

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26.01.23

Querido papa Chico, estou certa de que o teu manager já te passou todas estas informações numa das vossas reuniões one on one, mas ainda assim, como às vezes me parece que lhe falham alguns pontos importantes, decidi mandar-te algumas notes. Estou a usar um wording plurivalente, que é mesmo para tu dares logo conta que isto aqui é tudo feito com o máximo de profissionalismo.

Então é assim, o Charles Coins que é Head das postas de pescada na Câmara de Lisbon (que é a capital e o segundo distrito com mais camones por centímetro cúbico) já orientou um contrato de milhões - ouviste bem, millions - para mandar fazer um palco só para tu apareceres e dizeres lá aquelas coisas que ninguém entende bem. Dá-me a ideia que aquilo está de tal maneira futurista que até vais ter olive oil extra virgem para benzer os putos e garrafas de Periquita para o sangue de Cristo. Melhor só mesmo se a Cristina aparecer para te entrevistar e a meio da conversa sacar dos sapatos Louboutin, porque tem uma medalha de nossa senhora de Fátima a roer-lhe os joanetes. É que podes não saber, papa Chico, mas da primeira vez que nossa senhora apareceu foi vista por uma chavalinha com 7 dioptrias em cada olho e ouvida por dois gaiatos que confundiram vento com vozes; mas da segunda vez foi apanhada a passar uma pedra pomes nos calcanhares da nossa Diana da Malveira. O que, parecendo que não, é uma progressão na carreira.

Cá na Tugalândia vivemos que nem nababos. Nem imaginas. Os professores adoram. Têm oportunidade de fazer Erasmus involuntários e experimentar a precariedade. Os hospitais estão saturados e mesmo assim levam as grávidas a passear quilómetros e quilómetros, só para elas não estarem ali enfadadas com as contrações. O governo não tem uma trafulhice que se lhe aponte, só mal entendidos, mas isso já se sabe que acontece. Em calhando estão como na diocese do Porto, os padres têm de aprender onde meter a hóstia (aceito que possa não ser intuitivo); os políticos têm de ser esclarecidos quanto à arte de não orientar fundos para amigos. De resto, o people vai-se desenrascando, ricos em sonhos, pobres em ouro e fartos desta merda toda.

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25.01.23

Se tem aversão a dormir de noite e dá consigo sem saber o que fazer nessas horas, arranje uma criança.

A criança, para quem não sabe, é um bicho que aparece no planeta para contrariar na generalidade e quem a educa em particular. Se é para ir tomar banho a criança quer chafurdar na lama, se é para brincar a criança quer ir tomar banho; se é para jantar a criança quer jogar à macaca, se é para estar a brincar a criança tem fome; se a cozinha está disponível não lhe apetece nada, se o chão acabou de ser lavado apetece-lhe um iogurte; se é para ir para a cama não têm sono, se é para levantar precisa de "só mais 5 minutos".

E é aqui, no sono, no mais belo prazer de dormir, que a criança começa os seus trabalhos de aniquilação absoluta do adulto cuidador.

Primeiro surge um som, normalmente uma vogal em tom acentuado ou um ditongo básico. Algo nas linhas do: AAAAA UUUUUU TA-TA-TA-TA DAAAAAA. A pessoa acorda, umas vezes sem saber se a casa está a ser assaltada, outras vezes a desejar ser abduzida por extraterrestres, outras ainda a achar que um eletrodoméstico deu o pifo mestre na cozinha. Depois percebe que o problema está na máquina de fazer cocó que devia estar a dormir na cama ao lado. A pessoa dá tudo o que tem: muda fralda, oferece mama, oferece uma cama inteira de adulto disponibilizando-se para dormir aninhada no chão com a cabeça encostada à mesa de cabeceira, mas nada. A criança acordou às quatro e tem vontade de partilhar o seu dia. Ou seja, a criança, essa criatura de bochechas rosadas e pernas rechonchudas, que encanta tudo e todos com o seu sorriso desdentado, apesar de estar acompanhada todo o dia, só entende que deve partilhar as suas alegrias, usando todas as vogais e meia dúzia de consoantes, de madrugada. A pessoa sorri, enquanto sente a cara derreter porque a falta de descanso rebenta com as trombas de qualquer desgraçado e, tentando manter pelo menos um olho aberto, procura explicar à doce criatura: tu amanhã não trabalhas, pá!!!! (ler estas últimas 5 palavras com o som esganiçado do desespero).

Dito isto, saliento que as crianças são o melhor do mundo, logo a seguir aos coalas. Porque em boa justiça, nunca um coala me acordou a meio da noite.

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24.01.23

“Cátia Maria, já te disse para não fazeres mais do que uma publicação por dia.

Vai lavar roupa, esfregar os azulejos, pintar as unhas, ler um livro, aprender crochet, fazer o pino, meter a pança em forma na elíptica, passar toalhas a ferro, fazer a lista das compras, esfregar as juntas dos azulejos, esperar que uma mosca passe para lhe dares com o jornal, fazer a mise em place para o jantar. Ai mulher, vai ver a ex-periência, vai arranjar um macaco para pentear ou dar banho a cão, agora não andes, de forma ou jeito nenhum, a dar cabo da mona das pessoas com quatro mil caracteres por dia. Achas que as pessoas não têm mais nada que fazer? Está calada, filha. Cala-te de boca e de falangetas, que até a tua voz já fica irritante pelas letras. Vai ver se caças uns gambuzinos, vai limpar o pó atrás dos livros. Olha, vai arrumar a gaveta de cima da tua mesa de cabeceira que está uma bela javardice. Vai lavar o chão, vai passar um guardanapo nas beiças do cão. Vai mazé trabalhar. Mastiga mais devagar à hora de almoço, não te engasgues para ainda ires apontar mais meia dúzia de merdas que ninguém quer saber. Bebe o café a olhar para o esquentador, fortalece a vossa relação. Ainda vais ver que se lhe deres carinho o gajo começa a ligar à primeira. Vai estudar a gramática, para não lhe estares sempre a dar pontapés. Vai dar de mamar e ocupa a mão vazia com outra coisa que não seja as teclas do telemóvel. Está sossegada, mulher de um raio. Qualquer dia até falas do cu de um frasco de pickles. És tão chata que até me arrelias a mim, que sou tu.”

Carta de mim para mim, a ver se ganho vergonha na cara. Uma parte de mim acredita ser possível, aquela parte que não vê a idade; a outra, a parte que me lembra que faço quarenta este ano, diz que isto daqui já não vai para melhor.

A senhora juíza é que percebe de amor

23.01.23

A senhora juíza é que percebe de amor. Qual cupido. Duas lambadas e um jantar à beira mar são tudo o que uma mulher pode desejar.

Nunca pensei que um bom concerto e um passeio para cheirar o perfume das flores (se a cana do nariz não estiver partida) pudessem ser bons analgésicos para um par de sopapos, mas pelos vistos a senhora juíza sabe mais do que eu. Ou isso ou, em calhando, andou a ler o cinquenta sombras de Grey e interpretou mal o que lá está escrito, mais ou menos da forma como me parece que interpreta a lei e aquilo que lhe é apresentado.

Muito obrigada doutora juíza, entramos em 2023 a pés juntos (quem sabe literalmente), sabendo que para as mulheres vítimas de quem as devia amar nada muda. Continuamos nesta cepa torta de achar que eles às vezes ficam assim a atirar para o nervosos e nós temos de entender. Afinal de contas eles depois levam-nos a passear, não é?

Uma observação destas vinda da boca da ti Maria lá para o interior do Alentejo já é um mau presságio, mas a ti Maria foi ensinada que a vida é assim, a mãe dela apanhou do marido, ela apanhou do marido dela e a filha, se o marido entender, também leva porque a vida é mesmo assim. Agora, ouvir uma barbaridade destas, vinda de alguém que deve garantir a proteção dos cidadãos daqueles que lhes podem causar dano, é degradante, revoltante e inaceitável.

Se o sistema judicial que nos deve salvaguardar é o primeiro a atraiçoar-nos, a quem podemos pedir socorro?

Lamento escrever isto, mas, se é mau quando deliberado por um homem, é mil vezes pior quando é deliberado por uma mulher.

Só falta mesmo recolher uma lista das coisas que a mulher deve garantir para nunca irritar o seu amado, não queimar o jantar, ter cuidado com os temperos, engomar bem a roupa, fazer a cama de lavado, estar disponível para ele quando lhe batem as vontades e não incomodar quando ele está a ver a bola a menos que seja para levar tremoços e minis frescas.

Espero que a senhora juíza nunca sirva o jantar frio ao seu marido, não vá ele passar-se da bolha e depois ver-se obrigado a levá-la a assistir a um concerto com óculos de sol para que a restante plateia não veja em torno os seus olhos o amor que ele lhe tem.

 

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