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A licença de parentalidade deveria ser, no mínimo, de 1 ano (12 meses) com direito a uma remuneração condigna de, pelo menos, 80% do vencimento sobre o qual a mãe (ou o pai) descontaram no último ano fiscal.
Devia ser uma opção viável para quem assim o quisesse e não uma obrigação, deixo desde já claro, para todos os que acham que 4, 5 ou 6 meses chegam bem.
É cruel que uma mãe e/ou um pai tenham de entregar o seu bebé aos cuidados de terceiros, mesmo que sejam os avós, em tão tenra idade e por tão longo período de tempo. Que, ainda sem saber falar, sejam arrancados da cama, faça frio ou calor, para serem metidos no ovinho e entregues àqueles que cuidarão deles durante as 8, 9, às vezes 10 horas em que os pais estão ausentes para cumprir o horário de trabalho e a logística associada a todas as deslocações. Que os pais percam as primeiras palavras e os primeiros passos, para trabalhar, ganhando tantas vezes de forma miserável, assegurando que o dinheiro dos seus descontos é entregue para salvar bancos e pagar bónus de gestores que entram heróis e saem de fininho depois de nada terem cumprido.
Fazem-se gráficos sobre o estado da natalidade e a população que envelhece, mas não se pensa nas condições que um pai e uma mãe precisam para cuidar de um filho, para ter tempo para lhe dar o amor e a dedicação que merece, mais ainda em tão tenra idade.
Esta semana a minha bebé começa a ficar com os avós. Tenho sorte, mesmo assim.
É uma sensação que mistura abandono e perda, porque sei que não vou estar para muita coisa, tal como aconteceu com o meu filho mais velho.
Metam mais um ano de trabalho no final das contas, assim como assim a esperança média de vida está mais longa e sabemos lá o que nos espera lá à frente. Entretanto deixem-nos ser pais e gozar este início com os nossos filhos, pelo menos até que saibam dizer mamã.