5 mil beijinhos
Tinha prometido a mim mesma que não voltaria a escrever até ao início de 2023. Uma espécie de férias para as falangetas. Mas a vida tem apontamentos próprios e eu tenho de anotar para não esquecer.
Hoje tive um derretimento nervoso. Tive de atualizar a password do computador e aquilo é uma sopa juliana de letras maiúsculas e minúsculas, números, cardinais, barras, pontos e o diabo a quatro que eu, a dada altura, tropecei para ali com os dedos e já não sabia que raio tinha escrito. Vociferei para o computador, para as paredes, desejei disenterias inimagináveis a todas as pessoas que trabalham em informática e tive saudades do tempo em que a gente não tinha palavras-chave, metíamos impressos e esperávamos o melhor.
O meu filho, rapaz de energia de calibre máximo e palhacito de serviço, enquanto a mãe queimava neurónios e se descabelava, preparou este vale com o valor de 5 mil beijinhos, vale esse que eu podia descontar na banca dos filhos que, por enquanto, ainda estão sempre prontos para dar beijos e abraços à mãe e lembrá-la que a vida tem coisas boas e não vale a pena perder os berlindes por causa destas coisas.
No meio do tanto que tropeço, alguma coisa devo estar a fazer bem.