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Não é um pesca likes. É uma reflexão. Não estou à procura de mimimis e de comentários encorajadores. Estou só a pensar em voz escrita. Se é que tal coisa existe.
Todos os dias me pergunto porque raio faço isto. Porque raio, com a vida que tenho, em que muitos dias mal arranjo tempo para me pentear, tiro tempo daqui e dali para enjorcar matéria para escrever mais uma balela? É pelos seguidores e porque quero ver o número crescer? Será pelo feedback imediato que me dá algum aconchego? Será pela companhia que tenho do outro lado do ecrã e que me permite sair de fininho, por breves instantes, da vida comezinha de afazeres? Será a esperança de que me abra uma janela para algo mais? Ou será porque tenho medo de perder esta aptidão criativa que julgo ter? E será que tenho mesmo uma aptidão criativa, ou serei apenas como aquelas pessoas que vão aos programas de cantigas, certas de que têm uma voz melhor que a da Adele porque a família lhes tem mentido a vida toda?
Todos os dias penso: vou deixar-me disto, porque é estúpido. E depois dou comigo a pensar no tema de forma genérica: porque é que as pessoas têm redes sociais? E nas pessoas incluo-me a mim, claro está. Porque raio as usam? É para entreter alguém? E se é, não esperam nenhum retorno? É para serem entretidas? É para que possam opiniar? O que as leva a que exponham as suas casas, as suas vidas, os seus dilemas, as suas frustrações, os seus pensamentos e opiniões, os seus filhos, os cães, os gatos, as férias e mais um par de botas? Não andaremos todos à procura do mesmo? Não assentará tudo numa vaidadezinha que não conseguimos conter e na possibilidade deste palco improvisado e virtual? Ou será a busca por um sentido de comunidade que se perdeu no trato cara a cara?
Todos dizem chegar por acaso, meros incautos, mas depois celebram o crescimento da assistência fervorosamente. Porque esse crescimento significa alguma coisa. Será que não queremos todos alguma coisa?
Se calhar ninguém quer nada e sou só eu que penso nisto, porque esmifro os assuntos até à exaustão.
Cada vez acho menos e pareço saber quase nada.
Às vezes só me custa encontrar o propósito das coisas.