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Exercício de escrita

52

21.02.23

Gostava de ser um panda.

Alguma vez pararam para pensar que animal gostariam de ser se, por um qualquer acaso, pudessem escolher deixar de ser humanos?

Compreendo que a maior parte das pessoas só pensa em coisas destas depois de consumir cogumelos “mágicos” ou se fumar substâncias prescritas para a fibromialgia, mas eu, em bebé, caí no caldeirão da estupidez, pelo que penso em assuntos destes sem qualquer motivação justificada.

Lá está, cada um vive com a cabeça que tem. Já apresentei uma reclamação escrita ao criador, porque me dava mais jeito ter as nádegas da Jennifer Lopez do que a cabeça do Keith Richards, mas ele fez como o outro bispo e esqueceu-se se fazer replay à minha missiva.

É a vida.

Gostava de ser um panda. Não por serem fofinhos. Ser fofinho, no mundo animal, é uma desvantagem, porque as pessoas querem estar sempre a mexer em coisas fofinhas e eu ia ter de passar demasiado tempo a dar abraços a otários, mas, ainda assim, ser agradável à vista, ternurento e raro, faria com que me deixassem estar sossegada e não esperassem muito de mim. Eu gostava de ser um animal com o qual toda a gente se preocupa e a quem não se exigisse muito.

Os coalas são queridos e tal, mas depois as pessoas apertam com eles e lá ficam os bichos à rasca para respirar. O panda tem outro arcaboiço.

Quando era miúda queria ser um golfinho, mas os golfinhos estão sempre lixados por causa do atum, pelo que desisti desse projeto. Também gosto muito de cães, mas, por mais que sejam o meu animal favorito, não me imagino a encarnar num bicho cuja terceira principal missão na vida é lamber os próprios túbaros. A primeira (esclareço, agora que ficaram curiosos) é comer e a segunda é venerar o dono (a menos que sejam chihuahuas, os chihuahuas estão-se marimbando para toda a gente).

E é isto que tenho para vocês neste dia de carnaval. O animal que eu gostava de ser. E porquê este assunto de fezes, Cátinha? Perguntam vocês. E eu respondo: antes de mais, não gosto que me chamem Cátinha e depois, porque me dava jeito ser um panda agora, para estar a chuchar num bocado de bambu, em vez de estar a lidar com as agruras da vida e preocupada com a renda e a ter de descortinar o que raio vai ser o jantar.

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