A vida e os apontamentos sobre ela
#6
A menina tem asma, faz-lhe bem grandes temporadas de praia. Este verão levem-na à praia. Isso e natação, que também é bom para abrir a caixa. E foi assim, depois da mezinha do médico, que os meus pais me inscreveram na natação. Foi assim que se marcaram férias para agosto, passadas em casa, com saída de manhãzinha para ir à praia e estar de volta ao carro antes do meio dia. É que quando eu era miúda não se punha protetor solar aos miúdos. Nem aos miúdos nem aos graúdos, já agora. Seguiamos cedo para a praia e saíamos antes que relógio batesse as 12, porque a essa hora é que a coisa vinha de lá tipo laser e uma pessoa tinha que se proteger. Havia uma lata de Nívea que se barrava de vez quando na cara depois de uma avaliação amadora ao tempo. Ainda me lembro dos meus pais a abanar a cabeça, indignados, quando chegavam famílias à praia àquela hora.
Era aqui, em Sesimbra, que fazíamos praia. Porque na Costa as ondas era bravas, eu ainda tinha medo do mar e não se podia nadar em condições.
No princípio usava bóia, mas entretanto aprendi a boiar, a dar braçadas e por essa altura já ia ao mar como se fosse uma segunda casa e a minha mãe, arrepiada coitada, olha a menina que se vem uma corrente ainda a leva.
Em Sesimbra nadávamos como patos atrás do meu pai. Íamos bem para o fundo, até onde havia barcos. Um dia ainda subimos para um, convidados pelo dono.
As melhores memórias da minha infância foram passadas nesta areia. Ou na areia que estava cá antes desta. É o mais provável.
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