Agosto à hora que me apetecer
Não é o meu aniversário nem o de ninguém cá de casa. Também não tenho nada especial para comemorar hoje, a menos que considere a satisfação de não ter batido de caras com um contratempo lixado. Por vezes a simplicidade de não ter nenhum drama à perna é alegria que chegue.
Agora que o escrevo percebo que nunca o faço. Nunca celebro o simples facto de as coisas estarem compostas.
É uma coisa que se faz pouco.
Sei que não o faço com medo de acordar as chatices, as malditas parecem estar à escuta, sorrateiras, aguardando que se baixe a guarda para atacarem.
Por isso mantenho sempre um olho aberto, fico à coca para o caso de sentir que o tapete me está a ser puxado de debaixo dos pés.
Não tenho nenhuma comemoração para assinalar. Passa-se apenas o seguinte: há meses que me apetecia comer bolo de aniversário. Este em especial. Pão de ló, recheio de chocolate e - mais importante que tudo - cobertura de pasta de açúcar.
Ontem decidi que não ia esperar pelo aniversário de ninguém. Os bolos foram feitos para ser comidos quando a gente quiser.
A senhora da pastelaria estranhou que não houvesse uma dedicatória, um parabéns a. Então perguntou se podia pelo menos enfeitar com uma rosa.
Ficou assim, lindo por fora e uma delícia no todo.
As minhas gravidezes têm sempre as suas peculiaridades gastronómicas, repletas de apetecimentos fora de contexto.
Quando estive grávida do Ricardo dei comigo em Paris a comer iogurte com azeitonas. Depois disso só me apetecia canja. Imaginam qual é a facilidade de encontrar canja no centro de Paris?
Desta ainda não tinha tido nenhum apetecimento bizarro, até estava a estranhar.
E pronto, bolinho de aniversário.
Já marchou uma fatia e está divinal.
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