Apontamento sobre escrita
Tenho uma relação de amor com a escrita. Sim, apenas assim, uma relação de amor sem a aspereza do ódio. Nunca sinto ódio para com a escrita, o único sentimento mais desagradável que a conjugação de palavras me causa acontece quando tenho de dar ao dedo para criar um texto que me enfada até a mim. De resto, a minha relação com a escrita é sempre de amor. No entanto, apesar desta relação romântica com as palavras, confesso que me sinto amedrontada, magoada, frágil até quando as palavras insistem em não aparecer na medida, composição e estrutura que eu desejaria. Ou quando leio outros que as entrelaçam com tamanha mestria que me faz pensar: que imbecil, então não viste logo que esta era a forma certa.
Escrevo para entreter a cabeça, para buscar concentração, para me obrigar a dizer bem o que nem sempre se estrutura da melhor forma numa mente irrequieta.
Escrevo e guardo. Escrevo e pondero se publico (na internet entenda-se, vide nome na ficha técnica, Saramago does not live here).
Escrevo e ponho de parte, logo vejo o que lhe faço.