Apontamentos da vidinha
Quando tem fome parece um pica pau a dar caroladas no peito do pai. Uma espécie de morse que aparenta dizer: isto. está. tudo. seco. pá. Onde é que param os tetos nutritivos?
Quando a vontade não é atendida de imediato larga o Pavarotti que traz na goela e berra com o pai num dialeto de vogais que permite antecipar aquilo que nos espera na adolescência.
Depois, quando o pai me passa o presente, para de gritar e persiste numa qualquer lamuria, um rame rame que diz qualquer coisa como: já viste o tempo que este bacano demorou a vir do quarto para a sala? Tive quase para chamar um Uber.
Entretanto vislumbra o jarrican de leite e agarra-sea ele como um bom bêbado à pipa de tinto.
(nada como descrever a beleza da maternidade com a eloquência de uma boa tasca)