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Exercício de escrita

As redes sociais estão estranhas

17.10.22

As redes sociais estão estranhas. É, penso, um reflexo desde mundo que parece andar do avesso. As publicações oscilam, na sua maioria, entre extremos. Por um lado a perfeição, a felicidade suprema, a beleza, a superação, a força de vontade, a conquista, os sorrisos imaculados. Por outro, a desgraça, as imagens chocantes, os dedos erguidos, as indignações, os textos de repúdio sobre o repúdio do repúdio que esmifram os temas de tal forma que do assunto que lhes deu origem já não resta nada. Partilhas aos magotes, comentários acesos, dedos rápidos no gosto que acompanha a validação do descontentamento.
No meio o quotidiano esmurece, para quê mais vida banal se essa já temos fora do ecrã?
Assim proliferam os opostos: o mais belo e o hediondo.
Todos participamos para que assim seja, porque a beleza é a que gostaríamos de ter, porque o feio nos mexe com as entranhas.
Resta a falta de pachorra, de tempo, de vontade e atenção para outras matérias. Passam-se à frente os textos com mais de três linhas, não se partilha o que não se acompanha de dedo em riste, não se deixa sequer gosto porque a falangeta está já pronta para o scroll e há que despachar para ver onde é que há paraíso ou carnificina.
Poucas ou raras vezes nos damos ao trabalho de dizer, a quem nos entretém sem radicalismos, que gostamos do que nos oferecem.
Por isso aproveito esta publicação para dizer o que me tem ajudado @apitadadopai com os lanches do miúdo, o quanto gosto da @ser_super_mae_e_uma_treta que trata a maternidade por tu, do regalo que é ler o quotidiano contado pela @anasousaamorim e é pena que escreva cada vez menos, que as dicas que tiro da @senasaudaveis me ajudam a treinar, que me divirto muito com a @miss.caco , de como a @araparigadaserra é uma fofa com pelo na venta, que leio as newsletters da @lenia_rufino enquanto dou de mamar, que gosto das recomendações livrescas do @blogministeriodoslivros e que me escangalho com o @confissoesdumlivreiro . Há muita coisa boa por aqui, cabe a cada um de nós primeiro escolher e depois não ter pejo em recomendar.
E sim, isto também é sobre mim, que não quero ser instagramer, mas gosto de ter quem leia. Porque 10 é bom, mas 1000 pode ser melhor.

 

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