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Exercício de escrita

Colo

19.09.22

Não sei qual de nós gosta mais deste colo meloso, ela ou eu. Suspeito que seja eu, já que ela não me pode pousar na alcofa e eu arrasto estes momentos tanto quanto posso ou até o pai reclamar pelo bocadinho dele, com jeitinho, porque também gosta de a ter alapada ali ao peito, onde ela estará sempre, mesmo depois de crescer que chegue para que lhe cheirem mal os pés.
Somos deste tipo de gente peganhenta. Somos gente de dar colo até que as vértebras ganhem bicos de tucano (bicos de papagaio é para meninos). Somos gente de abraços e beijos a troco de nada. Somos gente do "sabes que gosto tanto de ti?" a propósito de coisa nenhuma.
Às vezes, quando ando mais lamechas, digo ao mais velho: só quero que um dia, quando fores crescido e já não precisares desta carcaça velha para nada, que me venhas visitar e que te lembres sempre de dar um abraço a esta velhota. Ele diz-me que sim e que até me leva a viver com ele (pobre, não sabe nada da vida).
E assim por aqui estou, com a loiça do almoço para arrumar, roupa no estendal para apanhar e eu a dizer para mim que são só mais 5 minutos e já a pouso, mas depois fico mais 5 porque ela não se vai aninhar assim, em mim, para sempre e se é para aproveitar é agora.

 

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