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O cérebro, assim como as pernas e a barriga, é um músculo que tem de ser exercitado. Porventura aquele que mais precisa de movimento, já que sem a disposição da moleirinha fracas são as hipóteses de se andar para a frente com o resto.
No último mês de gravidez li pouco. Comecei mais do que um livro e fui pousando porque a cabeça não tinha disponibilidade. Tinha tempo, dias inteiros, mas os olhos passavam pelas palavras sem reter informação. Havia demasiado a ocupar espaço: a ansiedade do parto, o cansaço de meses e meses de desconforto, a expectativa do que estava para vir.
Agora, que aos poucos vão ficando para trás esses momentos, é preciso reganhar rotinas. Fazer caminhadas para dar andamento às pernas, escrever para não esquecer o bem que me sabe esta catarse, ler para ocupar a mente com histórias e mais histórias.
Mas as noites têm sido mal dormidas, a acordar de poucas em poucas horas. Os dias ainda de habituação, com os trâmites burocráticos de legalizar um ser fresquinho no mundo e a submissão de mil papéis para as licenças de parentalidade.
Para não perder o hábito ando com um livro por perto. Ainda não tinha lido uma página desde que estamos em casa. Hoje, depois de dar de mamar, depois ter uma conversa detalhada sobre a diferença entre a Marvel e a DC Comics com o mais velho, depois de estender mais uma máquina de roupa, sentei-me no sofá e li três paginas. Um texto deste Jalan Jalan.
Um livro que já comecei a ler há algum tempo, e que vou lendo aos poucos, entre livros, como um passeio lento. Vou caminhando por entre os textos.
Para já está a ser o livro ideal, os textos são curtos e eu consigo acabá-los antes de ser chamada para me apresentar ao serviço de mãe a tempo inteiro.