Oito
Os especialistas têm alertado para o aumento de quadros clínicos associados à gripe tá-cá-sempre, à Covid e ao vírus sincicial respiratório. Pedem que as pessoas sejam conscienciosas e que façam uma gestão destas situações sem alarmismo. Ou seja: não vão logo ao médico que desses à poucos e é preciso distribuir a atenção com cuidado. Então é isso que a maioria tenta fazer: gerir sintomas corriquiros com medicamentos de venda livre, sopinhas e descanso, aguardando impacientemente que o corpo corra com o bicho, fechando as criancas em casa e deitando mãos à cabeça com as faltas que tem de justificar, a matéria que se perde e os dias de ausência que têm de se meter no trabalho.
Mas, apesar dos cuidados, há bichos mais chatos e a pessoa, que não correu para as urgências à maluca, lá tem de levar as crianças ao atendimento médico permanente porque os sintomas não passam. Nesse momento depara-se com um mínimo de 4 horas de espera. Primeiro enerva-se, depois pensa que aquilo até pode ser uma boa estratégia, o vírus, matreiro, sempre à coca, não está para esperar tanto tempo para andar à mocada com os medicamentos mesmo potentes, perde a tesão e põe-se a andar para outro hospedeiro. Tá bem visto.
Dito isto.
Enquanto a bicheza me passa duas demão de lixa na garganta, ocorreu-me que devíamos fazer como os ursos: nas estações quentes acumulamos mantimentos e depois nas estações frias hibernamos em casa. Afinal de contas temos Netflix, HBO e Disney sempre à mão, pelo menos enquanto a guerra não apertar mais com a inflação e, a par com a seca, o custo de produção destes bens de primeira necessidade não for afetado. Depois lá teremos de atirar papelinhos ao ar e ver-nos limitados a uma única plataforma de streaming.
A mim parece-me uma estupenda proposta, até porque o que é certo é que nunca se viu um urso com tosse.
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