Opiniões, cada um com a sua
07.12.22
Aparentemente o Cristiano levou Portugal ao mundo. Pegou nas suas chuteiras e foi mostrar a quem não tinha mapa onde é que fica este belo território, repleto de boas praias, boa comida e boa gente que, apesar de ser boa gente se desentende sobre a importância de um jogador da bola para uma nação.
Eu cá preferia que o meu país não fosse conhecido por ter o melhor futebolista do mundo, gostava que nos gabassem coisas mais obtusas, enfadonhas, cinzentas.
Gostava que Portugal fosse conhecido além fronteiras porque os portugueses têm bons ordenados, daqueles que lhes permitem ter uma casa com jardim ou na cidade, um carro novo sem ter de o pagar em 10 anos. Um país onde há um bom sistema de saúde, onde não se espere 14 horas para ser atendido. Um sistema de ensino que garante aulas para os miúdos e respeita os professores. Um país em que os pais têm mais condições para cuidar dos filhos e onde a população envelhecida não é esquecida, deixada à mingua com reformas de miséria.
Nada tenho contra o Cristiano, este texto é mais sobre nós, portugueses de vidinha costumeira, do que sobre ele.
Trabalha muito? Também eu, e não ganho num mês o que ele ganha num dia, só porque é homem e é mesmo muito capaz a meter bolas numa baliza. Também os médicos e enfermeiros que nos salvam a vida trabalham muito. Também a senhora do quiosque do metro que serve todos na correria e mal recebe bom dia ou obrigado.
Podemos gostar do profissional sem o venerarmos. Sem ensinarmos aos nossos filhos que um gajo que mete golos leva o país ao mundo, quando os emigrantes que de cá saem à procura das condições que o país não lhes dá, fazem muito mais pela nossa bandeira, dizendo orgulhosos que são de Portugal. Este Portugal que lhes deu más condições de trabalho e instabilidade.
Se devo alguma coisa ao Cristiano? Não. Devo ao BPI que há 14 anos me emprestou dinheiro para que a minha família tivesse uma casa para viver.
Gostava que Portugal fosse conhecido além fronteiras porque os portugueses têm bons ordenados, daqueles que lhes permitem ter uma casa com jardim ou na cidade, um carro novo sem ter de o pagar em 10 anos. Um país onde há um bom sistema de saúde, onde não se espere 14 horas para ser atendido. Um sistema de ensino que garante aulas para os miúdos e respeita os professores. Um país em que os pais têm mais condições para cuidar dos filhos e onde a população envelhecida não é esquecida, deixada à mingua com reformas de miséria.
Nada tenho contra o Cristiano, este texto é mais sobre nós, portugueses de vidinha costumeira, do que sobre ele.
Trabalha muito? Também eu, e não ganho num mês o que ele ganha num dia, só porque é homem e é mesmo muito capaz a meter bolas numa baliza. Também os médicos e enfermeiros que nos salvam a vida trabalham muito. Também a senhora do quiosque do metro que serve todos na correria e mal recebe bom dia ou obrigado.
Podemos gostar do profissional sem o venerarmos. Sem ensinarmos aos nossos filhos que um gajo que mete golos leva o país ao mundo, quando os emigrantes que de cá saem à procura das condições que o país não lhes dá, fazem muito mais pela nossa bandeira, dizendo orgulhosos que são de Portugal. Este Portugal que lhes deu más condições de trabalho e instabilidade.
Se devo alguma coisa ao Cristiano? Não. Devo ao BPI que há 14 anos me emprestou dinheiro para que a minha família tivesse uma casa para viver.
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