Pôr ou não pôr as fotos dos filhos nas redes sociais
Os meus filhos são os mais lindos do mundo. Para mim, naturalmente. Podia passar o dia a esfregar fotografias deles na cara das pessoas até que começassem a vomitar os meus descendentes pela retina. Mas não o faço. Não o faço porque ainda não estou resolvida com esta coisa de ter as fotografias dos meus filhos nas redes sociais. Quando muito umas pernas gordas, perfil que só se vê com muito zoom, uma nuca que pode ser do filho do vizinho. Não o evito por ter medo de predadores e afins, desses tenho medo em sítios onde estão em carne e osso, mas porque não sei o que é quanto baste. Onde fica o suficiente e onde começa o uso desmedido da imagem de alguém que, apesar de ter saído de mim, na verdade não me pertence e tem direito a dizer: mãe, não quero a minha imagem espalhada pela internet afora?
Quando penso neste tema tendo a sentir-me ridícula. Falo deles, conto peripécias, não consigo evitar envolvê-los naquilo que escrevo sobre mim, uma vez que fazem parte da minha história e marcam tanto daquilo que sou. Será que não vai dar ao mesmo ou a algo muito aproximado: falar deles ou mostrá-los?
Quando este tema vem a lume fico sempre dividida: por um lado penso que pôr fotos dos filhos nas redes sociais é uma coisa cada vez mais natural, por outro parece-me excessivo, seja pela quantidade, seja porque os pais, sendo pais e não proprietários, estão a usar a imagem dos filhos sem a sua verdadeira autorização.
É complicado, parece-me. Mais ainda porque venho de um tempo em que as fotos dos filhos só eram esfregadas nas trombas de outras pessoas quando, acompanhando um cafezinho, a minha mãe metia os álbuns goela abaixo dos convidados, ou quando a fotógrafa punha a foto que lá tiráramos na montra.
Às vezes tenho vontade de partilhar mil fotos, mandar a internet abaixo em likes com estas caras maravilhosas, mas contenho-me. Pelo menos até ter os meus berlindes alinhados quanto a essa matéria.
Para já só sei que gosto que as pessoas aqui passem pelo que escrevo e não para ver os meus herdeiros.