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Exercício de escrita

1 de 365

01.01.23

Escrevo este texto atabalhoadamente sentada no braço do sofá, de frente para a árvore de natal, cujas luzes já não me dou ao trabalho de ligar, tentando infrutiferamente alienar-me da música que toca na casa dos vizinhos. Anitta com dois tês e uma qualquer espécie de reggaeton. O meu filho já me interrompeu três vezes para me perguntar coisas nas quais não me apetece pensar e de todas as vezes tenho de me esforçar por voltar ao meu raciocínio. Escrevo este texto enquanto espero que chegue a hora de jantar e depois a hora de comer as passas e entrar no ano novo. Chegar finalmente ao alívio do: este já está vamos ver como é o outro. O mundo que me rodeia parece sob o efeito de um anestésico potente, meio impedernido, sem saber a direção. É como se o cérebro se tivesse afogado em sonhos e rabanadas e na semana entre o natal e o ano novo só se conseguisse manter à força de Guronsan.

Escrevo este texto sabendo que o vou publicar no primeiro dia do ano. Escrevo-o com antecedência porque não gosto de sentir que tenho tempo de sobra e porque no primeiro dia do ano tenho a casa para aspirar e os confetis, que deixo o miúdo espalhar, para apanhar do chão.
São trezentos e tal dias novos que me dão a mesma sensação de uma mala nova ou uma roupa por estrear.
Conto escrever muito e ler outro tanto. Conto guardar e registar as coisas pequenas que faço com os miúdos, aquelas que a cabeça tende a esquecer, aquelas que um dia vão fazer falta. Conto esfalfar este pandeiro para arrebanhar umas boas nalgas de verão. Conto não perder os berlindes que tanta falta me fazem.

Por aqui conto publicar diariamente todo este ano, arriscando um compromisso de escrita como o do ano passado mas mais extenso. Conto, lá para fins de janeiro, ter uma coisa preparada para quem lê o que escrevo e gosta.

Por isso é isto, este é o 1 de 365. Vamos ver como corre. Conto convosco desse lado?