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Exercício de escrita

Autoterapia

Newsletter

25.07.22

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No início deste ano decidi criar uma newsletter. Tenho algumas subscritas e gosto de as ler. Gosto de saber que, naquele dia, vou receber um e-mail que não é publicidade, uma conta para pagar, spam ou um problema para resolver. É só um momento prazeroso, que posso sempre acompanhar de um pastel de nata e um café, em que estou ali só eu com um conjunto de palavras escritas por alguém que quase parece ter tirado tempo da sua agenda para escrever só para mim. 

É claro que nem todas as newsletters são assim. São aquelas poucas que gosto de receber.

Então pensei e repensei o tema. Procurei criar algo que eu gostasse de receber. Esquadrinhei a minha agenda para ver onde raio havia de arranjar tempo para cumprir com esse compromisso e decidi criar a Autoterapia. Não tenho publicidade nem conselhos para produtos. Tenho um texto que escrevo em modo de conversa comigo mesma. Tenho um conto que escrevo especificamente para a newsletter mensal. Tenho os livros que li nesse mês e o que penso deles.

Depois, é vê-la sair no último dia de cada mês e esperar que as pessoas passem uns minutos agradaveis entretidas com qualquer coisa que não exige gostos, repartilhas, menções. 

Por vezes chegam mensagens de pessoas simpáticas que me dão o seu feedback. Gosto de receber essas mensagens, porque gosto de saber que consegui dar a alguém aquilo que me deram aqueles que escrevem as newsletters que gosto de ler. Escrita intimista, descomplicada, despretenciosa, uma conversa que se houve no café.

Durante três meses não consegui cumprir a entrega mensal. A gravidez, os seus enjoos, a reduzida capacidade de raciocinio, a falta de tempo e a necessidade de reorganizar detalhes da vida costumeira assim o exigiram. 

Desde junho que estou certinha e direitinha, a deste mês de julho está quase pronta e sai no dia 31.

Por isso, aqui fica o convite, se quiserem ser também destinatários desta carta que responde pelo nome de Autoterapia, podem subscrever aqui.

 

#3

Três dias, três pequenos contos

16.12.21

Sabia das crianças de lá de onde a mãe trabalhava. Um lugar que lhe parecia encantado onde se tomava conta de quem não tinha ninguém. Sabia que o natal não se passava entre os desaguisados dos tios, as travessas de bacalhau, os sonhos e as fatias douradas. O natal, nesse sítio onde se distribuía amor em porções iguais nas horas ditadas pelo ponto, era passado no amparo dos desamparados. Ouviu a mãe falar da festa singela que iam fazer com a simpatia de quem ajudava. Entrou no quatro e fechou as portas. Remexeu caixas e armários. A mãe de mãos à cabeça. Em poucas horas uma dúzia de embrulhos regados a fita cola. Levas amanhã, mãe. Dizes que foi um pai natal pequenino, sem barbas e sem trenó.