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Exercício de escrita

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26.01.23

Querido papa Chico, estou certa de que o teu manager já te passou todas estas informações numa das vossas reuniões one on one, mas ainda assim, como às vezes me parece que lhe falham alguns pontos importantes, decidi mandar-te algumas notes. Estou a usar um wording plurivalente, que é mesmo para tu dares logo conta que isto aqui é tudo feito com o máximo de profissionalismo.

Então é assim, o Charles Coins que é Head das postas de pescada na Câmara de Lisbon (que é a capital e o segundo distrito com mais camones por centímetro cúbico) já orientou um contrato de milhões - ouviste bem, millions - para mandar fazer um palco só para tu apareceres e dizeres lá aquelas coisas que ninguém entende bem. Dá-me a ideia que aquilo está de tal maneira futurista que até vais ter olive oil extra virgem para benzer os putos e garrafas de Periquita para o sangue de Cristo. Melhor só mesmo se a Cristina aparecer para te entrevistar e a meio da conversa sacar dos sapatos Louboutin, porque tem uma medalha de nossa senhora de Fátima a roer-lhe os joanetes. É que podes não saber, papa Chico, mas da primeira vez que nossa senhora apareceu foi vista por uma chavalinha com 7 dioptrias em cada olho e ouvida por dois gaiatos que confundiram vento com vozes; mas da segunda vez foi apanhada a passar uma pedra pomes nos calcanhares da nossa Diana da Malveira. O que, parecendo que não, é uma progressão na carreira.

Cá na Tugalândia vivemos que nem nababos. Nem imaginas. Os professores adoram. Têm oportunidade de fazer Erasmus involuntários e experimentar a precariedade. Os hospitais estão saturados e mesmo assim levam as grávidas a passear quilómetros e quilómetros, só para elas não estarem ali enfadadas com as contrações. O governo não tem uma trafulhice que se lhe aponte, só mal entendidos, mas isso já se sabe que acontece. Em calhando estão como na diocese do Porto, os padres têm de aprender onde meter a hóstia (aceito que possa não ser intuitivo); os políticos têm de ser esclarecidos quanto à arte de não orientar fundos para amigos. De resto, o people vai-se desenrascando, ricos em sonhos, pobres em ouro e fartos desta merda toda.