Não me recordo de escrever cartas em miúda. Não conhecia ninguém que estivesse longe o suficiente com saudades que justificassem um postal, uma carta, um telegrama sequer. Os amigos e família próximos, aqueles a quem tinha alguma coisa a dizer, estavam à mão de semear, por isso nunca lhes escrevi uma carta.
Nunca mandei postais. Pensei em fazê-lo das vezes que viajei, mas as viagens são sempre curtas demais e as fotografias tiram palco às pequenas graças antigas.
O mês passado decidi-me a criar uma newsletter. Uma espécie de carta que escrevo para umas dúzias de pessoas que, não me conhecendo de parte alguma, subscreveram para ler o que tenho para lhes contar.
São apontamentos, notas, pensamentos palermas, divagações. E uma história que vou criando, um capitulo por cada carta.
Meti-me nisso.
Hoje enviei a primeira. Logo pela manhã. Pela fresca, antes de começar a trabalhar. Enviei naquela hora em que as pessoas ainda vão beber um café antes de arregaçar as mangas e enterrar as mãos nas chatices que têm para o dia. Naquela hora em que ainda estão sentadas no comboio, à espera de qualquer coisa que as entretenha até chegar ao destino.
Não escrevo para milhares nem centenas de pessoas. Escrevo para um conjunto que, mal sabendo quem sou, acreditou que gostaria de ler o que preparo para partilhar uma vez por mês. Há qualquer coisa de bonito nisso. Um acreditar em mim e naquilo que sou capaz de escrever que nem eu tenho.
Recebi algumas palavras simpáticas. Pessoas que gostando, para além de terem gasto o seu tempo a ler, ainda se deram ao trabalho de me afagar o ego, com palavras agradáveis, daquelas que me fazem pôr em sentido para não falhar no mês que vem.
Gostei disto, de escrever cartas. Não é o mesmo que mandar um postal escrito sentada numa esplanada em Paris, mas é um pedaço de qualquer coisa, que conto depois de escarafunchar a minha cabeça.
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