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Exercício de escrita

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11.02.23

E se for a igreja a pedir pelos professores, já os ouvem?

Não se fala de outra coisa que não seja a vinda do Papa, o altar-palco, as JMJ, o outro altar-palco e as baboseiras do Moedas e do Sá Fernandes. Ambos com os retornos de milhões na boca e os portugueses à rasca para ter onde viver e qualquer dia para ter onde trabalhar.
Ouve-se o que a igreja quer e o que apetece a uma cambada de gente estrangeira, mas fazem-se ouvidos moucos para aqueles que, garantindo as bases do país com tão precárias condições, gritam em plenos pulmões mas parecem estar em mute.
É um triste desgoverno, em que não se olha a custos para receber com tamanha cagança quem vem de fora, quando não se cuida de quem cá está todos os dias.
Gritam os professores, gritam os auxiliares, gritam os pais pelo futuro dos seus filhos e pelos seus empregos que se comprometem com mais um e outro dia de greve.
Até onde terão de ir para ser escutados. Para que as suas condições sejam ajustadas e os direitos básicos a exercer as suas funções com dignidade sejam atendidos. Os professores antes de serem professores são pessoas, e têm as suas famílias para cuidar. E quem fala dos professores, fala dos auxiliares, que tantas vezes ficam com as crianças até largas horas, quando o autocarro do pai ou da mãe falha e eles fazem esperar os seus, para que os dos outros não caiam em desamparo.
Metam o papa a falar no polivalente de uma escola secundária. Ou no pavilhão de outra. Os jovens estrangeiros que tanto dinheiro vêm cá gastar podem lá ir às casas de banho e, cumprindo os sonhos do Sá Fernandes, quem sabe ainda se embrulham atrás do pavilhão. Desde que seja sempre um Jean-Paul com uma Natalie e nunca um Francesco com um Pablo, que nossa senhora nos livre.
Este ano o meu filho já teve mais dias sem escola por razão de greve do que por doença. E eu, mantenho-me pedra e cal ao lado dos professores. Ainda assim, temo pela educação do meu filho, que vai ficando para trás face aos privados que seguem a velocidade cruzeiro.

Ouçam os professores, se não por respeito a eles, que seja pelo dito amor a deus. Deem-lhes o que eles pedem, por eles, pelas crianças, por nós, que desesperamos ao lado deles.