Dezasseis
Sente que precisa de umas ventas retocadas? Então Lisboa é o sítio para si. Venha provar os nossos doces típicos, conhecer a nossa história, andar distraído pelas ruas e levar com uma trotineta nas trombas.
Esta devia ser a publicidade para visitar a capital.
De acordo com os números registados, só em 2022, já houve quase 500 incidentes que envolveram trotinetas. Os níveis de gravidade variam, mas em vários casos o embate é de tal ordem que obriga a cirurgia maxilo-facial. Eu, que sou má-língua, arriscaria que na parte mais aguçada do mau trato está o pobre que anda a pé, descontraído na sua caminhada e não o imbecil da trotineta, que vai a 20 ou 30 km/h em cima do passeio, fazendo razias a quem está sossegado, incluindo crianças que, se levaram com uma merda daquelas em cima, nem quero imaginar a desgraça. A grande maioria dos utilizadores, segundo me apercebo, são turistas, que veem neste pais de brandos costumes gentes que aceitam tudo para os receber. Riem-se num divertimento de quem sabe que pode fazer o que lhe apetece porque ninguém lhes vai dizer nada. Quando temos sorte lá ouvimos um sorry, como o casal inglês que encontrei da última vez que fui passear a Belém, divertidíssimos, a usar o acesso de rampa para subir ao miradouro de trotinete.
Este é um dos sítios que já evito para passear, gosto de andar em liberdade e de poder deixar o miúdo correr à vontade em vez de o refrear com medo que seja colhido por um grunho que depois diz sorry quando me partir o miúdo todo.
Para já a câmara anda em conversações sobre regras de estacionamento. Algo tão básico que deveria ter sido acautelado antes de ser aceite que a cidade estivesse empestada. As empresas, interessadas em meter ao bolso a maior quantidade de dinheiro possível, assobiam para o lado e dizem que a câmara é que tem de assegurar isto e aquilo.
No meio da jigajoga é o tuga que fica, mais uma vez, posto de parte das suas cidades, já mal pode lá morar, qualquer dia só lá vai passear uma vez ao ano, de armadura e mil atenções, não vá sair de lá com o papelinho da baixa e sete ossos partidos.